terça-feira, 9 de junho de 2009

Amor matris




A pintura vascular acima retrata aquele que, na minha opinião, é um dos mais belos fragmentos de poesia lirica coral. Tive a graça de estudá-lo para o exame de literatura grega clássica I, no semestre passado. É o fragmento Diehl 13 de Simônides, nascido na pequena ilha de Céos, próxima da Ática, por volta de 550 a.C. ; migrou para Atenas a convite de Hiparco. Posteriormente transferiu-se para a Tessália onde escreveu algumas das obras que o tornaram célebre Antiguidade. Morreu na Sicília, em Agrigento, por volta de 466 a.C.

Este fragmento também é um belíssimo exemplo da oração no paganismo. Em suma, conta a triste condenação de Danae, a qual concebera Perseus de Zeus. Por temor de um vaticinio, seu pai a tranca em uma arca de madeira, juntamente com seu filho, e a lança ao mar. A condição em que se encontram mãe e filho não deixa transparecer nenhuma esperança de salvação: a tempestade e o vento, ferozes, ameaçam arruinar a arca; porém, esta imagem, do mar em fúria, contrasta com a situação no interior da arca, onde Danae contempla a serenidade de seu filho, dormindo em seu colo. Neste contexto, Danae eleva a Zeus uma oração: pede que o menino continue dormindo mas também pede que o mar e o vento se adormentem. Danae também pede algo quase impossível, segundo a concepção religiosa da época: o cambiamento da vontade divina, considerada como um fato inexorável pelos antigos gregos. Na parte final do poema, Danae, reconhecendo imediatamente a sua audácia (querer mover a vontade divina), pede perdão de sua "insolência".




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